segunda-feira, 29 de março de 2010

Archer e suas placas úmidas

A dificuldade em usar o vidro como base do negativo era a de se encontrar algo que contivesse, numa massa uniforme, os sais de prata sensíveis à luz, para que não se dissolvessem durante a revelação.

Abel Niépce de Saint-Victor, primo de Nicéphore Niépce, descobriu em 1847 que a clara do ovo, ou a albumina, era uma solução adequada no caso de iodeto de prata. Uma placa de vidro era coberta com clara de ovo, sensibilizada com iodeto de potássio, submetida a uma solução ácida de nitrato de prata, revelada com ácido gálico e finalmente fixada no tiossulfato de sódio.

O método da albumina proporcionava uma grande precisão de detalhes mas requeria uma exposição de 15 minutos aproximadamente. Sua preparação era bastante complexa e as placas podiam ser guardadas durante 15 dias.

O ano de 1851 foi muito significativo para a fotografia. Na França, morreu Daguerre. Na Grã-Bretanha, como fruto da Revolução Industrial, foi organizada a "Grande Exposição", apresentando os últimos modelos produzidos.

Um invento que em pouco tempo chegou a suplantar todos os métodos existentes foi o processo do COLÓDIO ÚMIDO, de Frederick Scott Archer, publicado no "The Chemist" em seu número de março. Esse obscuro escultor londrino, com grande interesse pela fotografia, não estava satisfeito com a qualidade da imagem, deteriorada pela textura fibrosa dos papéis negativos, e sugeriu uma mistura de algodão de pólvora e éter, chamada colódio, como um meio de unir os sais de prata nas placas de vidro. O processo consistia em:
Espalhar cuidadosamente o colódio com iodeto de potássio sobre o vidro, escorrendo até formar uma superfície uniforme.
No quarto escuro, com luz alaranjada, a placa era submetida a um banho de nitrato de prata.
A placa era exposta na câmara escura ainda úmida, porque a sensibilidade diminuía rapidamente à medida que o colódio secava. O tempo médio de exposição ao sol era de 30 segundos.
Antes que o éter, que se evaporava rapidamente, secasse, tornando-se impermeável, revelava-se com ácido pirogálico ou com sulfato ferroso.
A fixagem era feita com tiossulfato de sódio ou com cianeto de potássio (venenoso), e finalmente lavava-se bem o negativo.
O colódio, além de muito transparente, permitia uma concentração de sais de prata, fazendo com que as placas fossem 10 vezes mais sensíveis que as de albumina. Seu único inconveniente era a necessidade de sensibilizar, expor e revelar a chapa num curto espaço de tempo. Como Archer não teve interesse em patentear seu processo, morrendo na miséria e quase desconhecido, os fotógrafos ingleses podiam pela primeira vez praticar a fotografia.

Talbot, acreditando que sua patente cobria o processo colódio, levou ao tribunal um fotógrafo que utilizava a placa úmida em Oxford Street. O juiz pôs em dúvida o direito de Talbot de reclamar da invenção do colódio e os jurados decidiram que esta não infringia sua patente. Então a fotografia estava livre, pois além disso a patente de Daguerre havia expirado em 1853. A fotografia agora tinha condições de crescer em popularidade e a quantidade de aplicações do colódio cresceu durante 30 anos. O número de retratistas aumentou consideravelmente, pessoas de todas as classes sociais desejavam retratos e se estendeu o uso de uma adaptação barata do processo colódio chamada AMBROTIPO.

Fonte :http://wwwca.kodak.com

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